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terça-feira, 26 de junho de 2012

SOMOS DIFERENTES... E DAÍ?

É incrível como as pessoas interpretam fatos e experiências de uma forma tão singular, única e individual, que por vezes, um mesmo acontecimento, gera interpretações tão diferentes, parecendo não ser a mesma experiência vivenciada entre dois ou mais indivíduos.
Mas por que acontece isso? Não estavam estas pessoas presentes no mesmo momento vendo e ouvindo a mesma experiência? Por que foram possíveis várias interpretações de um mesmo fato? Afinal era a mesma experiência...
Tudo isso começa com o modo que a experiência chega ao nosso cérebro, isto é, como vemos, ouvimos e sentimos um fato externo por meio dos nossos sentidos (visão, audição, fato, olfato e paladar). Cada um de nós utiliza-se destes canais de forma bastante diferente. Alguns dão mais atenção àquilo que estão vendo, outros ao que estão ouvindo e, tem aqueles que experimentam um fato de forma mais cinestésica, ou seja, aquilo que estão sentindo.
 Além disso, existe a nossa capacidade de perceber uma quantidade maior ou menor de estímulos, a nossa acuidade. Percebemos mais detalhes visuais ou, de repente, mais auditivos e os nossos sentidos acabam sendo um primeiro filtro para que a experiência interna tenha uma individualidade na interpretação.
Mas como se não bastasse, são tantos estímulos visuais, auditivos e cinestésicos acontecendo numa mesma experiência, que nos utilizamos de um processo automático e natural de nosso cérebro para focar a nossa atenção em alguns detalhes (estímulos) que elegemos como mais importantes a fim de não sobrecarregarmos o nosso cérebro, mas que nos possibilite uma interpretação “adequada” da experiência.
Fazendo isso, ocultamos naturalmente um grande número de informações da experiência. Para exemplificar, tenho que fazer uma pergunta indelicada – Você está sentindo o seu “bumbum” acomodado na cadeira? Provavelmente agora sim. Mas tenho certeza que este estímulo (a sensação tátil de seu “bumbum” na cadeira) não estava conscientemente na sua atenção, enquanto lia este texto. Ah! Ao menos que estivesse com algum incomodo nas regiões das nádegas... Assim que eu chamei a atenção para o seu “bumbum”, este estímulo começou a fazer parte de sua atenção consciente.
Ok, até aí tudo bem. Mas o problema é que os estímulos que estamos focando a nossa atenção consciente têm a ver com o nosso histórico de vida, crenças, com os nossos interesses pessoais, valores, e cada um de nós, tem os seus. Olha só a confusão...
De um único fato externo, cada um vê, ouve e sente diferentemente. Depois utilizamos filtros exclusivamente individuais, como por exemplo, aquilo que acreditamos ou não, para interpretarmos um acontecimento, tornando a  mesma experiência um fato, muitas vezes, diferente para duas ou mais pessoas. E o problema não para por aí...
Quando tentamos falar aquilo experimentamos, omitimos, generalizamos e distorcemos a informação, por meio de nossa comunicação.


Omitimos, sem querer, alguns elementos a fim de fornecermos somente as informações que acreditamos ser mais importantes para a interpretação de nosso interlocutor. Só que tais detalhes omitidos eram essenciais ao nosso interlocutor para uma interpretação adequada, e ele, acaba completando o que se falta com elementos pessoais que não faziam parte da nossa estória.
Nosso cérebro também generaliza uma informação. Basta uma ou poucas experiências para generalizarmos uma ação como SEMPRE, NUNCA, TODO MUNDO, etc. Sempre? Nunca? Todo mundo? Não. É um habito errado nosso em generalizar algo que se faz algumas poucas vezes ou para fortalecer a nossa opinião incluindo mais pessoas ou todas elas, como TODO MUNDO. Quem nunca falou – Todo mundo acha isso... Todo mundo? Não tem uma única pessoa que pensa diferente?
Se a informação está omitida e generalizada, possivelmente está também distorcida...
Estes são alguns processos que utilizamos em nosso dia a dia que nos torna seres tão particulares e que, muitas vezes, fazem também alguns estragos em nossos relacionamentos, pois queremos impor nossas interpretações e representações aos outros.
E o que fazer então?
Primeiro saber que nem sempre aquilo que a gente interpreta é a verdade máxima. Pode até ser a nossa verdade, mas não necessariamente a verdade em si. Em segundo, já que precisamos melhorar a nossa comunicação, que tal, perguntar mais antes de tirar nossas próprias conclusões a fim de entender exatamente uma mensagem. E também, como comunicadores, detalhar o melhor possível aquilo que queremos passar, para que tenhamos a certeza que a mensagem a ser recebida pelo nosso interlocutor chegará adequadamente. São estas pequenas atitudes que podem fazer grandes diferenças em nossos relacionamentos e permitir que possamos respeitar o modelo de mundo de cada um, mesmo sendo diferentes.

Leandro Buso
Diretor Spaço Quality e Trainer em PNL (Programação Neurolinguística)