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Empresas investem em técnicas para garantir produtividade

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UMA OPÇÃO INTELIGENTE


Fonte / autor(a):
Mário Varela Amorim, Ana Célia C. F. Campos
http://www.abqv.com.br/artigos



O homem, nas últimas décadas do século XX e no nascedouro deste, recebeu e continua tendo singular atenção no ambiente de trabalho e nos estudos desenvolvidos nas Universidades e Órgãos de apoio às atividades empresariais. Não é por acaso que isto ocorreu e prossegue em evidência. Afinal, nas organizações de qualquer natureza, “ainda” quem pensa e gera melhorias para a eficiência e a eficácia é o homem.

A partir dos anos 20 do século passado, foram iniciados nos Estados Unidos, estudos sobre o comportamento humano, especialmente no que se refere a investigação dos fatores que contribuíam para satisfação das pessoas no ambiente de trabalho. No período pós-guerra, cientistas sociais como Maslow, Mayo, Lewin e Herzberg, entre outros, desenvolveram inúmeras pesquisas objetivando identificar os contornos do comportamento humano que favorecem as relações interpessoais e, posteriormente, nas organizações.

Nos anos 40 do século anterior, pesquisadores do “Tavistock Institute of Human Relation”, de Londres, sob a orientação do Professor Eric Trist, desenvolveram estudos em organizações que extraíam carvão em Durhan, Inglaterra, acerca da otimização do trabalho, através do equilíbrio entre os setores técnicos e sociais. Nascia assim, o sistema sócio-técnico, o qual visualiza a organização como um sistema onde os aspectos sociais e técnicos devam funcionar concomitantemente e sintonizados, em busca da satisfação do trabalhador e do sucesso dos negócios.

Paralelamente ao surgimento do sistema sócio-técnico, ocorreu a difusão dos conceitos de Gestão da Qualidade Total, ambos se contrapondo, em grande parte, ao método taylorista de gestão, não aceitando que o trabalhador continuasse sendo visualizado como um acessório da máquina. A qualidade total, genericamente, buscava a melhoria dos produtos e serviços que viessem atender às necessidades dos clientes. Como conseqüências desses movimentos, o homem começou a ganhar destaque no ambiente de trabalho. Somente a remuneração já não satisfazia suas necessidades. Buscou-se, desde então, a criação de um ambiente organizacional onde prevalecesse um clima que estimulasse uma relação interpessoal aberta, franca, criativa e reconhecedora de sua condição humana.

Em função desses novos argumentos de gestão corporativa, o ambiente organizacional começa a ser redesenhado de modo que a qualidade de vida das pessoas no trabalho passou a ter o merecido destaque. Afinal, as pessoas são o maior patrimônio das organizações e merecem desempenhar suas funções num ambiente onde possa ocorrer a conciliação do desenvolvimento tecnológico com o desenvolvimento humano. Isto tem sido um magnânimo desafio. O desenvolvimento humano não ocorre na mesma intensidade em que vem ocorrendo o desenvolvimento tecnológico. O que podemos esperar disso? Todos temos consciência deste quadro, mas o que estamos fazendo para alterá-lo?

Como profissionais atuantes no ambiente tecnológico, onde a racionalidade muitas vezes não leva em consideração a condição subjetiva do homem, no seu planejamento, tem-se investigado no Programa de Engenharia de Produção da UFRN, como evitar esta omissão de maneira a sinalizar a importância que se deve destacar ao homem em todo e qualquer processo produtivo. Ele é quem planeja, executa, analisa e corrige as ações necessárias para as transformações requeridas pelo cenário competitivo desejado. Mas para isto, ele terá que ter também um ambiente de trabalho que lhe favoreça.

Este ambiente pode ser traduzido por qualidade de vida no trabalho. Esta qualidade de vida não deve ser resumida às condições ambientais favoráveis. Elas são parte, mas não o todo. Segundo Huse e Cummings, qualidade de vida no trabalho pode ser definida hoje como sendo “uma forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se destacam: a preocupação com o bem estar do trabalhador e com a eficácia organizacional e a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho”.

Por esta definição, verifica-se a amplitude do conceito e a nossa responsabilidade em gerenciá-lo no cotidiano. As organizações nas suas diversas naturezas legais, devem mostrar que são capazes de serem engenhosas nesta área do conhecimento. Devem propiciar ao homem as condições que favoreçam a sua condição humana, visando promovê-lo simultaneamente como profissional e como pessoa. Já está na hora das organizações promoverem no seu ambiente de trabalho, o desenvolvimento de atividades que representem na prática a qualidade de vida das pessoas e que lhe permitam conquistar mercados num mundo tão competitivo.